Desde março, é possível observar que algumas fachadas de casas estampam dados sobre a violência doméstica. Três jovens publicitários estudantes da escola Miami Ad School criaram um projeto para conscientizar as pessoas e ajudar a combater a violência doméstica. Catharina Mendonça, Bernardo Sande e Gabriel Azevedo fundaram o projeto “Se as casas falassem” e espalham mensagens com índices alarmantes em fachadas de casas.
Os estudantes aproveitaram os números das residências e expõem dados provenientes de pesquisas feitas por instituições como OMS (Organização Mundial da Saúde), Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) e SPM/PR (Secretaria Nacional de Políticas para Mulheres).
A ideia é levar para o lado de fora das casas um problema de violência contra as mulheres que muitas vezes não chega ao conhecimento público e se mantém dentro dos lares. “Todo mundo tem um caso por perto, né?”, diz Catharina. Segundo ela, a ideia partiu daí.
“Às vezes escutamos brigas enormes em casas vizinhas e não fazemos nada por acreditarmos que ‘em briga de marido e mulher não se mete a colher’”, afirma. “Mas se mete, sim, e por isso decidimos espalhar essa mensagem”, diz a jovem de Aracaju (SE), que vive em São Paulo.
Para disseminar as informações, usam basicamente papel e fita adesiva. “Pensamos em um jeito que tivesse boa fixação, mas que não danificasse a parede de ninguém”, afirma Catharina, que trabalha em uma agência na capital paulista e usa o tempo livre para essa atividade.
Já foram feitas cerca de 15 intervenções em bairros de São Paulo como Vila Mariana, Vila Clementino, Vila Nova Conceição, Saúde Vila Madalena. “Usamos as residências para dar mais força à mensagem e acreditamos que muitos dos donos das casas também são impactados com a mensagem.”
Por exemplo, em uma casa que traz em sua parede externa o número 495, os estudantes colocaram uma vírgula depois do número “9” e o sinal de porcentagem, transformando-o em “49,5%”. A seguir, palavras recortadas formaram uma sentença, com o seguinte dado: “49,5% das mulheres agredidas pelos parceiros permanecem em silêncio.
Catharina conta que até agora não tiveram problema com nenhum dono das residências. “Mas, claro, se alguém não concordar, aceitaremos tirar educadamente e sem objeções.”
Eles não têm uma meta definida em relação à quantidade de colagens, mas pretendem continuar com o projeto, inclusive com colagens em cidades do Nordeste (de onde os três amigos são).
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