De cada dez brasileiras, oito já sofreram algum tipo de agressão. Para chamar atenção para o número que vem crescendo a cada dia e comemorar o Dia Internacional de Combate à Violência Contra a Mulher, no sábado (25), mulheres tomaram as ruas da comunidade de Heliópolis.
Durante a passeata as mulheres participaram de uma oficina de mapeamento a locais inseguros e vulneráveis dentro da comunidade. A ação foi organizada pelo Movimento de Mulheres de Heliópolis e Região.
Com o slogan “Companheira me ajuda que eu não posso andar só, sozinho eu ando bem, mas com você ando melhor”, a iniciativa, através de relatos das mulheres, traçou uma cartografia social dos principais desafios que elas enfrentam diariamente na comunidade. “Eu não sei quem está atrás de mim quando estou andando, qual beco vou entrar e se vou sair. Tenho muito medo. A situação fica pior com a ausência de ações do poder público na periferia da cidade. A noite a iluminação é precária, não temos policiamento na região e as pessoas fazem o que querem”, afirma Odete Menezes, moradora do Heliópolis.
“Sabemos que ser mulher em uma cidade pensada para os homens não é fácil. O assédio e violência afetam diariamente nossa vida, tanto em suas casas quanto nas ruas. Na favela é pior. As diferenças são enormes em relação a um bairro de classe média alta”, relata Marta Vieira, que fez questão de acompanhar a passeata.
Além de enfrentar as situações de violência, as mulheres têm que usufruir de serviços públicos precários, que as deixam ainda mais vulneráveis. Ruas escuras, transportes lotados, lixo a céu aberto são alguns dos obstáculos diários que elas encontram.
Em 2016, uma pesquisa nossa mostrou que 86% das brasileiras já sofreram assédio em espaços públicos. Em uma pesquisa anterior, o Brasil foi apontado como o pior país para se nascer menina: 16% disseram terem sido assediadas antes dos 10 anos e 55% antes dos 18. Além disso, o país ocupa o 5º lugar no ranking de feminicídios.
Um número alarmante apontado pelo Centro de Atendimento à Mulher demonstra que 43% das mulheres em situação de violência sofrem agressões diariamente; para 35%, a agressão é semanal. De acordo com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública em média, a cada 11 minutos uma mulher é estuprada em nosso país.
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